domingo, 20 de dezembro de 2020

Porta aberta

Hoje acordei com um pensamento bobo e baseado numa canção de Angela Rô Rô que eu adoro... Pensava: bem feito pra mim que deixei a porta aberta.


É o sentimento que me invade agora. Um sentimento racional daqueles que vêm quando a gente pensa: -Me sinto assim, porque sou assim assado!
É quando eu digo pra mim: -claro que ficas melancólico … deixaste a porta das reminiscências abertas!
(eu podia usar a palavra “memórias”, mas achei que reminiscências dá uma sentido de memórias Re-moídas … risos)

Explico: Apesar de ser 2020, a semana foi tão corrida quanto as últimas semanas de anos anteriores (impressão minha?). O fato é que pensei muito, principalmente sobre trabalho, mas não escrevi nada para o blog (como se a porta da reflexão pessoal estivesse só entreaberta).

Parei ontem, sábado, para escrever e me deparei com uma anotação de um ano atrás:

Henrique - 23/12/2019

Te vi no corredor branco bonito. Não o corredor ! Você! 

Ah, e tinha um cara alto que te beijava. Enquanto eu também beijava outro cara. Daí fiquei te olhando e desacreditei que ele te deixasse lá parado sozinho. Então larguei quem estava comigo e me aproximei. 

Fui direto morder seu mamilo que reluzia sobre a pele branca que me tentava _ para só depois atacar sua boca num beijo molhado e sedutor. Então você murmurou baixinho - Nossa, que beijo! 

Quando perguntei seu nome Henrique, quis também pedir o telefone, mas achei melhor não. Naquele momento não.

Te revelei que ficava feliz quando na noite acontecia esse encaixe perfeito. Você sorriu. 

E você disse coisas malucas como “Onde você estava? Em que galáxia?” E eu sorri.

A noite passou e quero te guardar como o melhor encontro do final do ano. Quando nos separamos de manhã na frente de uma padaria, naquele beijo com gosto de café, ficou a boa sensação de liberdade por não trocar telefone, por sermos maduros o suficiente para entender que foi só um lindo encontro e nada mais.


Henrique - 25/12/2019

Agora estou arrependido. Eu quero ver Henrique de novo. E muito. Poderia ao menos tentar encontrar de novo porque eu penso que poderia ser bom te amar agora. Ter você para ligar. Uma sensação de paixonite que dá uma aquecida no coração. Entendo que você poderia ser qualquer outro (bem sei), mas acredito nestas entradas de pessoas na minha vida. Pela porta dos certos momentos. Por certos motivos relacionados a estes momentos. 

Essas conexões servem para isso: Para eu personificar em quem pensar nesses dias seguintes.

Será que fiquei feliz por saber que tinha achado alguém para ficar no campo do não-realizado? Que joguei minha idealização numa pessoa num corpo físico atraente e gentil que me deixou feliz _ pelo simples fato de obter um objeto para pensar (ia dizer para “sofrer”).

É a isso que chamam objetificação?

 

Voltando ao meu Hoje penso em duas coisas:

1) Henrique não virou, assim como as anotações deveriam virar um conto erótico. (Mas que diacho! penso: de erótico, e brega, tenho isso: “Fui direto morder seu mamilo que reluzia sobre a pele branca que me tentava _ para só depois atacar sua boca num beijo molhado e sedutor”).

2) Fico assim melancólico de fim de ano. Então bem feito, quem mandou escrever essas coisas?

Ah, e não sei, porém suspeito que poderia me servir de conclusão aquela frase do final do filme “Verão de 85”:  “A gente escreve para escapar da própria estória".


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