domingo, 17 de janeiro de 2021

Política para quê?


Sou do tipo analítico. Desde sempre. Faço considerações e apontamentos. Tento cercar um assunto como o doutor que precisa  acertar no diagnóstico _ e por mais que eu possa combinar umas incertezas aqui e ali, no fundo no fundo, eu queria a conclusão mais certeira ... certeza mesmo é que tenho viajado muito nas ideias.

E porque sou prático (ou pragmático _ qual a diferença?) que fico pensando ... O que mais se  pode dizer? o que se pode ganhar com uma análise ou com uma avaliação qualquer? Onde se pode chegar sendo assim?

Só se servir para alguma coisa, respondo.  

Só se for útil.

Então preciso achar uma utilidade para as coisas. Sair do específico para o geral ... E alcançar alguém, dizer alguma coisa para alguém (Não tenho certeza, mas talvez seja essa a diferença _ o pragmático tenta achar utilidade para as coisas).

Por que fazer? Para quê? Para quem?

Por isso eu tenho fugido de política, de postar minha indignação (para quê?). O Brasil é assim .... cheio de corrupção e hipocrisia. Cheio dos feios históricos que formam um povo. São muitas teorias válidas sobre a nossa formação.

No momento eu carrego uma raiva profunda. Logo eu que não sou de ter raiva. Mas esse governo na figura desse presidente que não desvinculo de quem o elegeu, alimentam raiva e medo ... Medo de que essa escória consiga reeleição pelo caminho da ignorância.

Aquela frase “cada um que lute sua luta” já não está bastando.

Bati panela. Eu moro sozinho e dentro do espaço do meu apartamento sinto uma solidão  que me completa de certa forma.

Daí saí na janela e gritei um “Fora Bozo” que fez eco ... e minha solidão fez eco (e meu bairro não ”panelava” tanto quanto eu esperava).

Depois senti um tesãozinho.

De verdade, me sentei no sofá por um momento... Estava excitado.

E segui pensando ...

Hoje encontrei um alento teórico _ um livro às vezes vem como um amigo, ou como um sonho: no momento certo.

“A insurreição não se decide. Apodera-se de um coletivo, quando a capacidade de desobedecer juntos volta a ser sensível, contagiosa, quando a experiência do intolerável se adensa até se tornar uma evidência social.

Supõe a experiência prévia compartilhada – mas que ninguém se pode dispensar de viver em, por e para si mesmo _ de uma dissidência cívica e de seu apelo. Desde Sócrates (“Cuida de ti mesmo”) e desde Kant (“Ouse saber!”), ela é também o regime filosófico do pensamento, sua interioridade intempestiva.

Numa época em que as decisões dos “especialistas” se orgulham de ser o resultado de estatísticas anônimas e insensíveis, desobedecer é uma declaração de humanidade”.

(Frédéric Gros: in Desobedecer _ pág. 17)


2 comentários:

  1. Acho que as respostas estão sempre no coletivo, mesmo nossas análises. Não acho que elas sejam possíveis apenas a partir do Eu. Elas precisam surgir a partir de outros corpos e reverberar neles. Um texto faz isso, não? rs

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