Dançar

Postei hoje umas fotos de dançarinos no Instagram (ou melhor, repostei). 

Não é primeira vez que faço isso.

Aliás tenho namorado (esse é o termo) fotografias de dançarinos há tempos. Tanto é que ao chegar nesse apartamento onde moro (o verbo habitar também é propício aqui: nessa pele em que  habito),  pensei e ainda não desisti da ideia de colocar uma dessas fotos bem ampliadas na parede da sala. 

É um fascínio antigo. Mas acho que faltou-me coragem. Sim, coragem!

Fico ressentido (re-sentido).

É quase um trauma na minha vida. 

Eu devia ter uns 19 anos quando durante um curso de inglês, o professor, um cara super descolado, moderninho e lindo me disse: 

-Edmundo, you looke like Madonna´s dancer. 

Achei um puta elogio. E vindo daquela pessoa !!!

Eu já me encantava pelos dançarinos da Madonna, mas minha sexualidade não estava bem resolvida ainda. Na época, as palavras de meu pai ressoavam forte na minha cabeça. 

Não sei, porém suspeito que as palavras do professor, essas sim,

tinham a intensidade do anjo torto do Drummond:

-"Vai, Carlos! Ser gauche na vida."

Não fui.

Yosmel Calderon: um bailarino cubano que vive em Montreal, gostou da ideia de eu ampliar sua foto.